RODA CARRETA E RODA CÂMERA NOS DISTRITOS QUE NÓS VAMOS JUNTOS
A penúltima noite do livro livre da Feira deste ano ofereceu algo que o sábado chuvoso e frio deste dia 13 estava pedindo: um cineminha na Praça. A TV OVO, que completou 21 anos ontem, exibiu os documentários sobre Santo Antão, com direção de Marcos Borba, e de São Valentim, de Jaiana Garcia. Produzidos no ano passado, eles integram o projeto Por onde passa a memória da cidade, com financiamento da LIC/SM.
O pessoal de Santo Antão se encarregou de falar de uma de suas estradas mais famosas, porém ainda não asfaltada, a RS-516, que fica entre São Martinho e Santa Maria. Na tela, um povo simples, humilde e com pouca experiência para falar com a câmera contou sobre um monge que viveu lá há muito tempo, João Maria de Agostinho. Ele criou uma igreja no alto do morro e os moradores ainda hoje continuam a tradição de iniciar a festa de Santo Antão lá, de onde eles descem com a imagem do santo até a igreja, que fica no distrito.
O documentário foca nas dificuldades que os moradores ainda têm por morar em um local de difícil acesso, e questiona a falta de divulgação de seus roteiros turísticos, mas busca sobretudo ressaltar o orgulho de quem mora lá. Eles são, em maioria, pessoas que trabalham com a terra, serviços braçais e antigos. Essa lida pode ser notada nas feições dos mais antigos, cujas marcas de sol e trabalho estão marcadas em seu rosto. No entanto, ele estão contentes por fazerem parte e dar seguimento às tradições religiosas que ali passam de geração em geração.
Em São Valentim, os moradores ressaltam a história dos carreteiros, que conduziam as carretas puxadas por bois. Uma moça conta que eles iam por aí, “desbravando os caminhos para levar adiante a economia”. Uma localidade cuja lida no campo é considerada um legado familiar. Em sua maioria idosos, os que conversam com a câmera engolem plurais, se sentem envergonhados a cada começo de frase, mas é visível a felicidade por estarem contando suas histórias. Em determinado momento, um moço afirma que lá sim é que é “um lugar bom, tem tudo, precisa comprar pouca coisa para se viver aqui. Se me oferecessem um apartamento na cidade, eu não iria!”.
Uma cultura que valoriza as raízes, passada para as novas gerações para que não se perca por completo. Memórias, histórias e, , da forma que for possível, eles buscam qualidade de vida, algo que na cidade se torna mais difícil, coisa que na campanha, é mais fácil. Unido à isso, a produção audiovisual, rica em imagens com detalhes pequenos e simples, mas que dizem muito sobre o distrito, moradores e costumes, torna o documentário uma preciosidade.
A noite terminou com um bate papo entre os diretores dos curtas, Marcos e Jaiana, quando o público pôde tirar suas dúvidas sobre a produção dos vídeos e elogiar a iniciativa da TV OVO. Em certo momento, uma moça contou que já tinha planos de conhecer a os arredores de Santa Maria, e que após o documentário, ela e o marido encontrariam tempo de visitar.
Documentários da TV OVO revelam os distritos de Santa Maria. (Foto: Caroline Costa/LABFEM-UNIFRA)
Texto elaborado pelo acadêmica Thayane Rodrigues/ Jornalismo – UNIFRA
Prof. responsável: Jornalista Bebeto Badke (MTB 5498)