sábado, dezembro 14, 2024
Feira do Livro 2024

Caio Riter realiza bate-papo lúdico e interativo com as crianças 

Na tarde desta quarta-feira (28), a Feira Fora da Feira, iniciativa descentralizada que compõem a 51ª Feira do Livro de Santa Maria, desembarcou na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Aracy Barreto Sacchis. A atividade contou com a presença do escritor gaúcho Caio Riter, que participou de um bate-papo com os alunos do terceiro ano dos anos iniciais. 

Com uma extensa lista de obras publicadas — mais de 50 livros — Riter tem, em grande parte, uma literatura voltada para crianças e jovens. Durante a apresentação, o porto-alegrense compartilhou com os estudantes a alegria que é ter uma Feira do Livro na cidade, e comentou a relação que tem com a literatura, cultivada ainda durante a infância. 

“Ler era muito legal, era muito bacana. E é porque quando eu era pequeno, do tamanho de vocês ou talvez um pouco menor, a minha mãe costumava inventar histórias ou contar a histórias, e normalmente eram de medo e eu morreria de medo. Quando chegava de noite, eu ficava achando que pudesse ter debaixo da minha cama algum daqueles monstros. Mas chegava no outro dia de noite, eu pedia para ela contar de novo aquela. Ela perguntava: ‘Mas tu não ficou com medo?’, eu dizia: ‘Eu fiquei, mas eu amei a história” , relembra Riter.

Ainda ao citar a mãe, o escritor contou que ela adorava brincar com as palavras. Exemplificando, Caio trouxe para a conversa trava-línguas e adivinhações tradicionais da cultura brasileira, que contaram com a participação entusiasmada dos alunos, que tentaram decifrar alguns enigmas lançados pelo escritor.

CURIOSIDADE E APRENDIZAGEM

Diversificadas, as perguntas dos alunos buscaram explorar a vivência da trajetória literária do autor. Apesar da pouca idade, as crianças demonstraram estar afiadas na curiosidade e comunicação. Entre algumas perguntas estavam: “Qual o teu melhor livro escrito?”, “E o primeiro publicado?”, “Onde podemos comprar? Na internet tem?”, “Os teus livros para ‘gente grande também fizeram sucesso?”, “Tu tem Instagram?”, essa última comemorada como um gol do seu time diante da resposta positiva de Caio, transparecendo a alegria de poder acompanhar de forma mais próxima o escritor.

Entre tantas mãos levantadas, surgiam também adivinhações de “o que é, o que é?” para o porto-alegrense responder, além de diversas sugestões literárias que revelaram que as crianças gostariam de ver seus cotidianos representados: “Tu pode escrever um livro sobre Santa Maria”, “Já pensou em escrever um livro sobre uma menina que joga futebol?”, “Escreve um livro sobre a Aracy (a escola)”. “Tem como escrever um livro sobre nós cinco?”, perguntou uma menina apontando para as colegas.  

Diante de tantos pedidos e sugestões, a coordenadora pedagógica dos anos iniciais, Nathana Fernandes, falou aos alunos que eles têm o poder de escrever sobre os diversos temas sugeridos. Em conversa com a equipe da Feira do Livro, a professora compartilhou sobre a importância de dinamizar a prática pedagógica  para que as crianças conheçam outros contextos que se transformam em aprendizagem.

“Nós temos trazido isso de dinamizar a relação das crianças com a literatura. Até porque no contexto que a gente tá vivendo de constante de tela e pouca leitura a gente tem que incentivar. Eles não estão tendo mais o contato com o livro e a gente precisa oportunizar o contato com o livro”, conta a coordenadora.

Durante uma hora de conversa e irreverência, Riter recebeu demonstrações de carinho e entusiasmo das crianças, que se despediram do autor com um caloroso abraço. Questionado quanto a habilidade de conduzir um bate-papo com estudantes tão novos, o escritor revelou que isso foi sendo desenvolvido com o tempo.

“Quando eu comecei, eu acreditava que eu era um pouco mais mas quadradinho. Quando tu lida com criança, o ideal é tu falar aquilo que possa ser interessante para elas, falar de ti, falar do teu fazer literário, mas ao mesmo tempo ser uma espécie de uma de uma contação de histórias, e que não necessite de outra coisa não ser a fala e contato com o autor. Claro que, às vezes, trazendo alguns elementos da própria literatura, como a imaginação e a metáfora”, exemplifica Caio.

A Feira Fora da Feira já tem o próximo encontro marcado. No dia 2 de setembro, os alunos da Escola Humberto de Campos (CASE) participam de um bate-papo com o escritor Arthur de Faria, que também estará presente no Livro Livre durante a noite, no Theatro Treze de maio. A programação completa das atividades descentralizadas podem ser conferidas aqui.

 

Texto: Nathália Arantes

​​Jornalista responsável: Letícia Sarturi (MTB 16.365) – BAH! Comunicação Criativa

Fotos: Ronald Mendes