Maré Vermelha: uma trajetória de resistência nas arquibancadas de Santa Maria
O livro “Torcida Organizada Maré Vermelha”, lançado nesta quarta-feira (4) na Feira do Livro, documenta a história da primeira torcida LGBT+ do futebol do interior. Para além de apenas uma torcida organizada, a Maré Vermelha foi uma ato de resistência e um dos primeiros movimentos LGBT+ de Santa Maria. O livro é uma produção do historiador Eduardo Bortolotti Silveira.
A Maré Vermelha foi uma importante torcida do Inter-SM, que atuou entre os anos de 1972 a 1992, sendo considerada a torcida gay mais longeva do Brasil. Os torcedores da Maré mostraram ser revolucionários ao decidirem torcer dentro de um estádio de futebol em plena Ditadura Militar. O livro é fruto do Trabalho Final de Graduação em História do autor.
“Eu comecei a pesquisar após uma roda de conversa com amigos e professores da faculdade. Um professor e outro aluno mencionaram a torcida e que não havia nada escrito sobre ela. Assim surgiu a vontade de pesquisar sobre, desde 2015, venho buscando as pessoas que fazem parte da torcida e tentando localizar arquivos jornalísticos”, conta o autor sobre a pesquisa histórica.
Os incentivos para a pesquisa foram a imensa admiração de Eduardo pelo Inter-SM e a convicção de que havia muito mais a se falar além de futebol. Na obra, o autor conta a história de quem a vivenciou, trazendo depoimentos dos torcedores que fizeram parte da torcida organizada. Ele destaca que o reconhecimento histórico da Maré Vermelha é de grande importância.
“É necessário falar sobre e dar visibilidade à Maré Vermelha porque é a partir dela que surge o movimento LGBT+ aqui na cidade. Isso é de extrema importância e não tem recebido a atenção adequada”, ressalta Eduardo.
A expectativa para o futuro é produzir um documentário, em parceria com a TV OVO, baseado no livro para gerar mais reconhecimento à história da torcida organizada. De acordo com o autor, como a filmagem é mais abrangente, pode-se incluir mais pessoas, como as que fizeram parte da torcida, além de jornalistas da época e ex-jogadores, para garantir o devido reconhecimento histórico.
Para quem estiver interessado em obter o livro, ele está disponível gratuitamente na Câmara de Vereadores de Santa Maria. O lançamento foi financiado pela Lei do Livro de Santa Maria, um projeto que contempla trabalhos que valorizem a história da cidade.
Foto e Texto: Heloisa Helena Canabarro (Mtb: 21.562)
Jornalista responsável: Letícia Sarturi (MTB 16.365) – BAH! Comunicação Criativa – Assessoria 51ª Feira do Livro de SM