Experiências dos corpos diante do mundo tecnológico é a reflexão instigada por Carolina Berger no Livro Livre

Refletir sobre o avanço da tecnologia, nossa relação com ela e nossa interação com o corpo que habitamos. Essa foi a reflexão que trouxe a palestra-experiência “O Restauro da presença e a consciência digital: a experiência do Ser no mundo através do corpo”, de Carolina Berger. Para entender as questões atuais, Carolina Berger, artista multiplataforma, começou sua fala através de quem estuda as evidências de nossos ancestrais. “Fabricamos coisas com significado, porque isso nos diferencia das máquinas. Elas calculam, mas não podem imaginar (….) Somos a única espécie que tem pensamento mágico. Somos criadores de objetos que falam.” Juan Luis Arsuaga, paleontólogo.

O ser humano cria códigos, técnicas e saberes. E as máquinas que se utilizam da inteligência artificial (IA) são o compilado de tudo que produzimos. Para compreendermos melhor tudo o que somos capazes conceber, Berger nos apresentou Sophia, uma robô com IA, definida como uma plataforma e obra de arte, que é capaz de identificar sons, ruídos, imagens e até sensações. Essas capacidades que ela tem, é o que cria sua personalidade e sua forma humana, buscando que ela tenha sensibilidade, emoções e memórias.

É a partir das reflexões, surgidas através da figura de Sophia, que somos convidados a entrar numa experiência em nosso próprio corpo.”O que começamos a viver com Sophia não tem volta. A questão é: quais são as máquinas que você usa e qual o corpo que te faz presente?”, questionou a artista.

Com a disponibilidade de aplicativos de saúde mental, fitness, relaxamento, meditação, entre outros, é apenas com Sophia que encontramos nossa transcendência através da máquina com corpo. Isso se dá pelo fato de vermos um duplo nosso, algo que nós projetamos. Para isso ocorrer é preciso ter uma transparência na relação com a tecnologia, de compreender como estamos seguindo certas técnicas.

É através da dança que podemos encontrar essas transcendência. Para Berger é essencial que dancemos o espaço e não somente no espaço. Ao simularmos a forma do lugar, a percepção do espaço inclui tudo que se move e tudo que me toca, corremos riscos. Mas é sempre na perspectiva ampla que nossos corpos se expandem. “Corporeidade é expressão, quanto mais ampla, mais abre a nossa mente para não sermos levados pelos pequenos espaços de manipulação da nossa consciência nas redes”, afirma.

Carolina Berger, Livro Livre - Foto: Ronald Mendes
Carolina Berger, Livro Livre – Foto: Ronald Mendes

A artista disse que estamos dependentes de códigos e informações do mundo virtual, porém, é na transparência que podemos expandir. “Se tem a ideia que a máquina é algo que nos faz crescer, em sabedoria e conhecimento. E atualmente nós estamos funcionando para a máquina”, critica. No fim da apresentação, Berger falou da realidade aumentada na perspectiva de nos fazer movimentar pelos espaços. Foram disponibilizados para a plateia do Theatro Treze de Maio adesivos que, acessados através do navegador, permitem ver uma passista digital, que nos motiva a também dançarmos.

A Feira do Livro ocorre até 16 de outubro, com programação híbrida na Praça Saldanha Marinho, no Theatro Treze de Maio e nas redes sociais da Feira. Na noite de 12 de outubro o Livro Livre terá o espetáculo‘No Tempo Encantado das Estações’ (Cia de Palhaços Clowncando). O público poderá acompanhar pela transmissão nas redes sociais da Feira do Livro de Santa Maria e também no Theatro Treze de Maio.

 

Texto: Nathália Arantes – acadêmica de jornalismo da UFN

Jornalista responsável: Liciane Brun – MTB 16.246