segunda-feira, setembro 8, 2025
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Thiago Lacerda, nosso eterno Capitão Rodrigo, celebra legado cultural de Erico Verissimo

Uma noite inesquecível que ficará para sempre na memória da Feira do Livro. Nesta sexta-feira (5), o legado literário de Erico Verissimo (1905-1975) foi revisitado por convidados que conhecem a fundo a obra do escritor. Vale destacar que a 52ª edição da festa literária de Santa Maria presta homenagens a Erico, alusivas aos 120 anos de nascimento do autor da trilogia O Tempo e o Vento. 

Thiago Lacerda
Foto: Ronald Mendes

No palco do Theatro Treze de Maio, o Livro Livre reuniu a escritora Letícia Wierschowski e os atores Thiago Lacerda e Rafa Sieg para um bate-papo enriquecedor sobre Erico, compartilhado com ouvidos atentos da plateia lotada. Durante uma hora e meia, o trio revisitou o escritor em sua essência — o homem, o pai e o filho — a partir das suas obras.

Legado e memória

Letícia Wierschowski, autora do clássico A Casa das Sete Mulheres (2002), retornou a Santa Maria para participar do painel. A escritora gaúcha relatou sua parceria com o escritor e cineasta Tabajara Ruas, no roteiro cinematográfico de O Continente (1949). O trabalho, baseado na obra de Erico Verissimo, deu origem ao longa-metragem O Tempo e o Vento (2013), com direção de Jayme Monjardim.

“O Erico entrou na minha vida na infância, com os livros infantis. Depois, ainda adolescente, continuei lendo a obra dele. E quando peguei O Continente nas mãos, fui levada para um universo paralelo. Então eu disse ‘um dia eu também vou escrever uma trilogia’. E escrevi”, relatou Letícia, se referindo A Casa das Sete Mulheres (2002), Um Farol no Pampa (2004) e Travessia (2017).

Thiago Lacerda
Foto: Ronald Mendes

Após apresentar o monólogo Erico – Um Solo de Clarineta (Primeiro Movimento), na terça-feira (2), Rafa Sieg também retornou à Santa Maria. A montagem ganhou forma em 2024 a partir de fragmento do livro Solo de Clarineta (1973), com possibilidade de evoluir para um espetáculo completo, para apresentações em Santa Maria, Cruz Alta (cidade natal de Erico) e Lajeado (onde o ator nasceu).

“O Erico fala no tempo o tempo todo. E Solo de Clarineta acabou chegando na minha vida, no ano passado, diante dessa inquietação do artista, acabei me reaproximando da obra dele e fui encontrando elementos que me atravessaram, que são importantes pra mim. Reforço que esse livro me salvou, encontrei nele algo que eu buscava. Não cabe nesse palco toda a trajetória do Erico, todas as histórias que forjaram ele, todas as  particularidades desse escritor que atravessou o próprio caminho”, disse o intérprete de Solano, na novela Pantanal.

Thiago Lacerda
Foto: Ronald Mendes

O fascínio de Rodrigo Cambará

Por fim, Thiago Lacerda, presença mais esperada da noite, contou como  À vontade ao lado de Letícia Wierschowski, de quem é amigo desde a produção de O Tempo e o Vento, e de Rafa Sieg, com quem está gravando Porongos, longa-metragem que revisita a Revolta dos Farrapos (1835-1845), o carioca de 47 anos falou sobre sua relação com a obra de Erico Verissimo, como ator e como leitor.

“Gosto desse aspecto político do Erico, da crítica social que permeia os livros. Ele era muito imprimível no que escrevia, tem muito dele nos textos. Quando me perguntam o que eu tenho do Capitão Rodrigo, respondo: tudo! Às vezes me pego no corpo do personagem, no gesto, no falar. A gente acaba incorporando certos aspectos, porque os personagens do Verissimo são muito humanos!”, afirmou Thiago.

Thiago Lacerda

Foto: Ronald MendesSobre o protagonista de Um Certo Capitão Rodrigo (retratado em um dos sete capítulos de O Continente e uma das figuras mais conhecidas de O Tempo e o Vento), o global explicou:

“Pra mim, o capitão é um eco do Erico Verissimo. É como um exercício de um sujeito que ele gostaria de ser. Na verdade, Rodrigo é um pouco do que todo cara gostaria de ser, mas não só isso. Ele também é o que a gente não gostaria de ser. E é por isso que o personagem captura tanto a gente, esse carisma dele tem a ver com esse humanismo inerente ao próprio Erico”, concluiu Lacerda.

Thiago Lacerda
Foto: Ronald Mendes

O bate-papo ainda contou com a leitura de trechos de O Continente, Solo de Clarineta e Incidente em Antares, transportando a plateia para dentro das narrativas de Erico Verissimo. A noite ainda reservou espaço para uma homenagem de Thiago Lacerda a Luis Fernando Verissimo, filho do escritor cruz-altense, falecido no dia 30 de agosto.

Thiago Lacerda
Foto: Ronald Mendes

Texto: Ana Bittencourt (MTB 14.265)
Jornalista responsável: Liciane Brun (MTB 16.246)

 

Próxima atração do Livro Livre

06 DE SET | SÁBADO
19h | ESPETÁCULO INCIDENTE EM ANTARES

Em comemoração aos 120 anos de nascimento de Erico Verissimo, o Grupo Cerco realiza a remontagem do espetáculo teatral Incidente em Antares, a convite da Feira do Livro de Santa Maria. A montagem marca também os 17 anos de trajetória do grupo, reconhecido por seu trabalho coletivo, linguagem cênica própria e forte presença na cena teatral do Rio Grande do Sul. Baseado na segunda parte do clássico romance de Erico Verissimo, o espetáculo transporta o público para a fictícia cidade de Antares, no interior gaúcho, às vésperas da ditadura militar. Em praça pública, revelações sobre a hipocrisia, a corrupção e a podridão da elite local vêm à tona, num retrato mordaz e ainda atual da sociedade brasileira.

Com direção de Inês Marocco e adaptação cênica assinada pelo Grupo Cerco, a montagem recebeu importantes reconhecimentos, como: Prêmio Braskem em Cena de Melhor Espetáculo e Prêmio Açorianos de Teatro de Melhor Trilha Sonora. Duração: 2h15. Classificação: 14 anos.

 

A 52ª Feira do Livro de Santa Maria é uma realização da Prefeitura de Santa Maria, por meio das Secretarias de Cultura e de Educação, contamos também com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação, em parceria com instituições fundamentais para o fortalecimento da cultura e da educação em nossa cidade: CESMA, Câmara do Livro, 8ª Coordenadoria Regional de Educação, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Franciscana (UFN) e Instituto Federal Farroupilha (IFFar).

A produção cultural fica com as produtoras Denise Copetti Produções e da Plano Comunicação e Eventos. O incentivo cultural é oferecido por empresas que acreditam e investem na cultura local: AR2Z Construções e Incorporações, Rede Vivo, Simplimed, Construtora Rubin, Unimed Santa Maria e Clínica Viver.

Apoio da Gráfica Pallotti, Ellas Art’Decor, Santino Artisan Gelato, BANRISUL, Ciryla Refrigerantes, SEDUFSM e APUSM.
O patrocínio, por sua vez, é fruto da confiança de grandes empresas da nossa região: CORSAN, Arroz Rei Arthur, Grupo Felice e Santa Lúcia Distribuidora. O financiamento vem por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) de Santa Maria e do Sistema Pró-Cultura – Governo do Estado do Rio Grande do Sul.