Memória viva da MPB, Nelson Motta revisita histórias de Elis Regina no Livro Livre
Quantas histórias cabem em oito décadas de uma vida bem vivida? Incontáveis, certamente. Muitas conhecidas e outras tantas guardadas com afeto na memória do jornalista, letrista, escritor e produtor musical, Nelson Motta.
Atração do Livro Livre na noite desta segunda-feira (25), o “paulistano de alma carioca” compartilhou parte delas, fazendo uma retrospectiva da carreira de Elis Regina (1945-1982), artista que completaria 80 anos em 2025.
Com ingressos esgotados, o bate-papo foi conduzido por Arthur de Faria, pianista, compositor, produtor musical, arranjador, pesquisador e jornalista brasileiro, autor de Elis: Uma biografia musical (2015). Entrosada, a dupla compartilhou com a plateia pontos importantes na trajetória da Pimentinha.

Amizade com Elis Regina
Testemunha e agente da história da Música Popular Brasileira (MPB), Nelson Motta teve uma relação muito próxima da porto-alegrense. Parceiro profissional e romântico de Elis, o produtor musical ajudou a repaginar a carreira de cantora, especialmente no disco Pleno Verão (1970).
A contribuição de Motta marcou significativamente a carreira de artista, representando uma espécie de “trégua” no conflito entre a MPB e a Jovem Guarda. Como resultado, Elis Regina foi consolidando seu nome como artista no cenário nacional.
“Com 22 anos, eu estava produzindo o disco da Elis e saquei que ela precisava mudar. Aquela coisa do fino da bossa, TV Record, aquilo ficou antigo. Ela acabou ficando meio para trás. E quando eu vi o Tim Maia cantando, eu fiquei louco, quis conhecê-lo. No fim das contas, os dois tiveram uma parceira (o dueto These Are The Songs) e tudo acabou bem”, contou.

A influência do produtor não tirou a essência da cantora, mas serviu para ampliar seu repertório, abrindo espaço para uma artista mais aberta ao cenário musical da época, que contava com Roberto e Erasmo Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil e o próprio Tim Maia.
Letrista consagrado
Além do trabalho como produtor musical, a obra de Nelson Motta também reúne letras de canções gravados por alguns dos maiores artistas brasileiros. Parcerias com Lulu Santos, Ed Motta, Rita Lee e Roberto de Carvalho, Marisa Monte, Guilherme Arantes, Dori Caymmi, Marcos Valle, Guinga, Erasmo Carlos, João Donato e a banda Jota Quest são exemplos.
Segundo levantamento do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), Nelson Motta é autor de 232 obras. Entre elas, Dancin’ days (As Frenéticas), Como uma onda (Lulu Santos) e Bem que se quis (Marisa Monte) são as mais executadas da lista.

Frases de Nelson Motta
“Não adianta ser uma canção linda se ela não é adequada”.
“Nara (Leão) era a voz mais inteligente do Brasil”.
“Eu sou um Facebook antes do tempo, porque tudo quero é curtir e compartilhar”.
“As pessoas estavam sofrendo do mesmo mal” (falando sobre a Ditadura Militar no Brasil)”.
Próxima atração do Livro Livre
Nesta terça-feira (26), o músico Arthur de Faria apresenta o show É manso mas morde – a música de Nico Nicolaiewsky, às 19h, no Theatro Treze de Maio. Acompanhado por Miriã Farias (violino e coros) e Áurea Baptista (voz e coros), o pianista apresenta músicas inéditas, canções nunca gravadas e hits do músico, parceiro de Hique Gomez no espetáculo Tangos & Tragédias, e integrante do Musical Saracura.
Texto: Ana Bittencourt (MTB 14.265)
Jornalista responsável: Liciane Brun (MTB 16.246)
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