Rossandro Klinjey: os impactos da pandemia e autoencontro no Livro Livre
A noite de sexta-feira na Feira do Livro de Santa Maria foi marcada pela presença do palestrante, escritor e psicólogo clínico, Rossandro Klinjey. Sem o característico palco na Praça Saldanha Marinho, a segunda noite do Livro Livre dessa 47ª edição foi realizada através de um bate-papo virtual mediado pela jornalista Vanessa Backes e pelo professor de filosofia Andrei Cerentini.
A partir do seu último livro, “O tempo do autoencontro”, o especialista em educação e desenvolvimento humano trouxe reflexões acerca dos aspectos da vida durante a pandemia de Covid-19. O ponto de partida do Livro Livre foi o impacto que ela causou nas rotinas, como a apropriação das tecnologias, até as implicações no comportamento dos sujeitos.
– Tem gente que não vai acordar. Tem gente que vai permanecer numa visão narcísica completamente indiferente a dor do mundo. É claro que a gente tem um crescimento para quem já estava querendo se despertar e no coletivo vai haver um crescimento.
Rossandro Klinjey também falou sobre o cotidiano e de como estão as relações familiares em tempos de novo coronavírus. O analista aponta diferentes tipos familiares a partir das experiências vivenciadas na educação e na interação com os filhos. Entre eles estão as “famílias hotéis”, onde as pessoas dividem o mesmo ambiente e não compartilham as emoções.
– Essas pessoas estão desesperadas porque viviam terceirizando para a escola de línguas, para o shopping, para a escola convencional, para o smartphone. Essas estão em sofrimento, mas com oportunidade de assumirem o papel de pais e entenderem que é um papel que não se terceiriza para ninguém.
Já ao ser indagado sobre a necessidade de cultivar um tempo no cotidiano para exercer o autoconhecimento, Klinjey ainda alertou sobre a importância de cuidar da saúde mental e de se voltar às sensações emocionais.
– A gente foi uma sociedade que foi deixando de lado as questões de ordem interior e fomos para uma exterioridade violenta. Nós viramos uma sociedade do “carpe diem”, do prazer aqui e agora, uma sociedade consumista e que se distanciou um dos outros e de si mesmo.
O escritor também foi convidado para transmitir uma mensagem aos pais das vítimas do incêndio na Boate Kiss, assim como fez aos familiares das vítimas do incêndio no CT do Flamengo e que foi relatado em “O tempo do autoencontro”.
– Que eles não fiquem presos pela injustiça mesmo que continuem lutando para que a justiça aconteça. Nós não podemos deixar que os algozes nos tirem da vida muito mais do que eles já tiraram. A gente tem que buscar justiça, mas não ficar preso na injustiça.
Texto: Jornalista Letícia Sarturi (MTb 16365), especial para a Feira do Livro.
Fotos manchete/matéria: Ronald Mendes