Livro Livre: Leitura e criação no mundo virtual leva o público a conhecer melhor a profissão de criadores de conteúdos literários
O Livro Livre desta quarta-feira (13) debateu a literatura no mundo digital. Com a difusão da criação de conteúdo em redes sociais como Instagram, Youtube e Twitch, muitas páginas foram criadas exclusivamente para publicações de conteúdos de literatura. Esse é o caso dos convidados desta noite, João Victório Bevilaqua, Denys Schmitt, Fabio Brust, Inari Jardani e Aline Brutti, com participação especial em vídeo de Patricia Lima. O bate-papo com os influenciadores digitais foi mediado por Lucio Pozzobon de Moraes, também criador de conteúdo.
Logo no início da conversa os convidados contaram ao público quais foram os motivos que os levaram a dividir seus mundos literários nas redes sociais. João Victório Bevilaqua, criador da página de Instagram ‘Queria Aquele Livro’, buscou em 2015 associar seu trabalho com relações públicas e literatura, com o intuito principal de desenvolver a comunicação. Já a psicóloga Aline Brutti, possui um Instagram literário chamado ‘O dia e o livro’ e desde de 2020 passou a criar conteúdo para o Youtube com a finalidade de associar seu hobby de leitura e produção de conteúdo.
Inari Jardani e Fabio Brust falaram sobre como o trabalho de influenciadores se vinculou com o design, a outra profissão dos dois. Designers editoriais na ‘Memento Design e Criatividade”, buscaram produzir conteúdos sobre um gosto em comum: a literatura. Fabio também é escritor e em 2020 lançou o livro ‘Ex Libris’ através de financiamento coletivo. A divulgação de uma obra literária também foi o motivo que levou Denys Schmitt a se apresentar no mundo digital. Autor de ‘A estrada infinita’, lançado de forma independente pela Amazon, trabalhou na divulgação da obra buscando alcançar novos leitores.
A convidada Patrícia Lima, que participou por vídeo, relatou que criou um canal literário depois de terminar o mestrado e acabou sendo uma forma de ajuda para cuidar de sua saúde mental na época. Morando há três anos em Santa Maria, a paranaense encontrou, há cinco anos na internet, uma forma de compartilhar o que estava lendo e se comunicar com outros leitores.
Ao refletir sobre como tem usado o espaço das redes, João relata que a sua comunicação sobre literatura é bem diferente das demais. “Eu faço maquiagens artísticas para representar as obras literárias. Acredito muito no poder do visual e a minha forma de levar as pessoas a lerem foi essa. É um momento que tenho para expressar minha criatividade e relaxar”, explica.
Já Aline criou seu perfil literário por não querer esquecer dos livros que estava lendo. A partir daí ela passou a encarar as redes sociais como um segundo trabalho, tendo contato direto com editoras e com autores nacionais.
Os convidados debateram sobre a cobrança do público, principalmente de temas além dos literários. “Aos poucos vamos nos adaptando conforme as nossas vontades. Eu acho que as redes sociais demandam muito. Às vezes sou cobrada a expor mais a minha rotina, mas eu não me sinto à vontade. Preciso entender os meus limites para evitar que isso deixe de ser prazeroso”, reconhece, Aline.
A efemeridade do conteúdo foi uma observação dos influenciadores, avaliando que se leva muitas horas de produção e após publicado, acaba sendo consumido em poucos minutos. Para Denys, é preciso encontrar um equilíbrio entre a escrita e a criação para as redes. “É o investimento de duas horas para editar um vídeo que pode ou não ter retorno. Para o escritor isso é delicado. São duas horas que eu poderia estar escrevendo e o livro é o meu material, é aquilo que vou dar para o meu público”, constata.
A barreira do público para compreender que existe uma profissionalização do influenciador foi uma das questões levantadas por Inari. “O trabalho que fazemos é genuíno. É um trabalho de fato, que nos dedicamos muitas horas em cima daquilo e merecemos ser pagos como qualquer outro trabalho. As pessoas ainda acham que quem exerce uma atividade através do computador faz apenas pelo lazer”, conclui.
A Feira do Livro ocorre até 16 de outubro, com programação híbrida na Praça Saldanha Marinho, no Theatro Treze de Maio e nas redes sociais da Feira. Na noite de 14 de outubro o Livro Livre terá a apresentação de ‘Audiovisual e Memória’, da TV OVO. O público poderá acompanhar pela transmissão nas redes sociais da Feira do Livro de Santa Maria.
Texto: Nathália Arantes – acadêmica de jornalismo da UFN
Jornalista responsável: Liciane Brun – MTB 16.246