Eliana Yunes no Livro Livre: “ O livro é tão instrumento de cidadania como o pão na mesa”

O Livro Livre da noite de terça-feira, dia 06 de outubro, foi marcado por uma conversa que reforçou o sentido de uma Feira do Livro: o estímulo ao gosto pela leitura.

E  esse estímulo foi feito com lucidez pela fala da professora Eliana Yunes, da PUC- Rio, pós doutora em literatura e membro da Cátedra Unesco de Leitura.

A conversa foi mediada pela jornalista Vanessa Backes e pelo professor de filosofia Andrei Cerentini.

– A leitura é indispensável se eu quero um mundo diferente do que eu tenho. Ela é um modo para entrar na história, de entrar na nossa história – reforçou Eliana durante a sua fala.

Entre os tópicos abordados na conversa, a professora comentou sobre a importância do estímulo e incentivo à leitura desde a infância.

Eliana Yunes no Livro Livre - Foto: Ronald Mendes
Eliana Yunes no Livro Livre – Foto: Ronald Mendes

– Se você não tem tempo para ler com seu filho, ele não terá por quem se admirar e se empolgar com a palavra. Trata-se de admirar a palavra.

Eliana também instigou os espectadores sobre a importância do exemplo, tanto dentro de casa quanto na escola: a importância de um professor e de os pais se tornarem bons leitores.

– Se você não gosta de ler, como quer que seu aluno, ou que seu filho leia? Quero convidá-los a serem criadores de leitores. Mas comecem com a leitura em vocês mesmos.

A palestrante ainda desmistificou o fato de que leituras como auto ajuda ou bestsellers possam servir uma homogeneidade aos comportamentos, e talvez não trazer  o propósito de leituras transformadoras.

– A falta de diálogo faz com que, na solidão, as pessoas busquem esse tipo de livro, que nos traz um certo consolo e adia nossos fracassos e dores. Mas por outro lado, é importante que se leia. É melhor ler do que não se ler nada. O livro é como um banquete que você come uma entrada, e depois não quer mais a entrada, e vai se satisfazer com outros pratos.

Durante sua fala, a professora comentou sobre ações governamentais que vêm desvalorizando o livro e a literatura.

– O livro é transformador. Então em certo aspecto, um livro é um perigo, sim. Porque pessoas pensantes são pessoas que incomodam. Acabar com o livro é o interesse de qualquer governo que se sinta ameaçado. A cidadania e a capacidade de interagir com o mundo são reforçadas com a leitura. O livro é tão instrumento da cidadania como o pão na mesa – finaliza.

Se você perdeu o bate-papo, pode assistir nas redes sociais da Feira do Livro no Facebook e no Youtube.

Texto: Liciane Brun
Jornalista – MTB 16.246
Veleiro Conteúdo Criativo – Especial para a Feira do Livro de Santa Maria

 

Fotos manchete/matéria: Ronald Mendes