Rimas e paixão literária com Lázaro Ramos no Livro Livre

“Literatura é uma das minhas maiores paixões”. Essa foi uma das primeiras frases ditas pelo convidado desta quinta-feira na Feira do Livro de Santa Maria. Esta noite de Livro Livre foi marcada por um bate-papo cheio de paixão literária com Lázaro Ramos. Artista versátil – ator de cinema, televisão e teatro, diretor e escritor de livros infantis e adultos -, Lázaro falou sobre o incentivo à leitura para os pequenos, a inspiração para criar junto aos seus filhos e também sobre representatividade.

O bate-papo, mediado pela jornalista Vanessa Backes e pelo professor de filosofia Andrei Cerentini, começou com o primeiro livro escrito por Lázaro, ‘ A Velha Sentada’.

– A literatura infantil entrou na minha vida também para um crescimento pessoal. Pra eu pensar sobre essas questões todas, que falam sobre a infância, mas também falam sobre um futuro, sobre nós, adultos – reflete.

Livro Livre: Lázaro Ramos - Foto: Ronald Mendes
Livro Livre: Lázaro Ramos – Foto: Ronald Mendes

Como um criador de conteúdo para crianças assumido, Lázaro também contou sobre as vezes em que se torna um conselheiro para outros pais

– Sempre me coloco no meu lugar de pai real, um pai em construção. A cada fase dos meus filhos vou me deparando com novos desafios.Às vezes não tenho respostas, e procuro conversar sobre esses assuntos nas redes sociais, lendo especialistas, mas sempre muito atento aos movimentos dos meus filhos. Muitas vezes não sabemos respostas e quando os pais pedem conselhos para mim, também peço conselhos de volta – conta.

O escritor também comentou sobre a inspiração para escrever ‘O Caderno de Rimas de João’ e ‘O Caderno sem Rimas de Maria’, ambos escritos para os seus dois filhos.

O primeiro, Lázaro admite que foi escrito ‘a quatro mãos’, não literalmente, mas no sentido de que os questionamentos de seu filho o nortearam para criar definições de palavras em formato de rimas, e assim explicar, de uma forma lúdica, o significado de palavras como saudade e morte.

– O livro é totalmente fruto de minhas conversas com João. Comecei a criar rimas para explicar coisas do mundo, com base nas provocações dele. É muito bom, enquanto pai e escritor, ter esse desafio de criar esse pequeno dicionário de palavras.

Já o Caderno sem Rimas de Maria, igualmente inspirado em sua filha, a caçula, surgiu a partir da ideia de descrever sensações e descobertas da relação entre ambos, e, a partir daí, o autor brincou com neologismos.

– Esse livro foi quase terapêuticio, de se permitir observar o que esses estímulos significavam entre nós. Por exemplo, não existia uma palavra que descrevesse o carinho no cabelo crespo da minha filha, que a gente fazia e que ela gostava, num período de aceitação das nossas próprias características. E aí criei a palavra deguindacho para descrever isso.

Perguntado sobre a relação com os filhos e as telas, especialmente durante a pandemia, Lázaro explicou sobre a importância de dosar o uso de tablets e de fazer a ‘curadoria’ do que os filhos costumam assistir na internet.

– E, além disso, ter a coragem de deixar as crianças enfrentarem o ócio. O ócio é muito importante: quando elas ficam batendo a cabeça pela casa sem saber o que fazer, é ali onde elas inventam as coisas mais criativas do mundo.

 Sobre representatividade negra na literatura, Lázaro afirmou que uma literatura diversa faz bem para qualquer criança;

Quando temos acesso a  uma literatura diversificada, já começamos a ter compreensão de que vivemos numa sociedade diversa, e olhamos para o outro como lugar de possibilidades, e não de rejeição.

E finaliza:

– Falar que ler é poder é a mensagem que passo sempre que posso. Todos nos somos incentivadores da literatura.

Se você perdeu o Livro Livre desta quinta, o conteúdo do bate-papo com Lázaro Ramos fica disponível até dia 10 de outubro no Youtube e Facebook da Feira.

Liciane Brun – Jornalista
MTB 16.246 – Veleiro Conteúdo Criativo / Especial para a Feira do Livro

 

Fotos manchete/matéria: Ronald Mendes