sábado, outubro 5, 2024
Feira do Livro 2024Livro Livre

As narrativas de Mariana Salomão Carrara no Livro Livre

A noite do Livro Livre desta quinta-feira (05) foi dedicada à escritora e defensora pública Mariana Salomão Carrara. O Theatro Treze de Maio estava cheio, o que chamou a atenção foi a presença de muitos adolescentes e jovens leitores que foram prestigiar a autora. O bate-papo foi mediado pela escritora e historiadora Nikelen Witter. 

A escritora paulista é conhecida pelos romances “Se deus me chamar não vou”, “É sempre a hora da nossa morte amém”, “A árvore mais sozinha do mundo” e “Não fossem as sílabas do sábado”, sendo o último vencedor do Prêmio São Paulo 2023, na categoria Melhor Romance do Ano. 

Mariana começou a conversa falando sobre o livro mais recente “A árvore mais sozinha do mundo”, ambientado no interior do Rio Grande do Sul. Para escrever a obra, a autora esteve no Estado e conviveu com agricultores. O livro traz uma proposta ousada de colocar a narrativa em seres não humanos. A escritora comentou sobre o enredo.

“Em 2019, eu estava pesquisando sobre suicídio para outro livro e vi uma matéria que falava sobre a epidemia dos suicídios no Rio Grande do Sul e a relação com os agrotóxicos. Desde o início quis manter a escrita na primeira pessoa, que quem contasse a história não fosse os participantes da narrativa. Assim, construí o enredo a partir da visão de objetos que rodeiam a casa”, explica Mariana. 

Nikelen questionou a autora sobre a relação dela com a morte, tema que é muito presente nas obras de Mariana. Segundo a escritora, isso é uma consequência de seus pensamentos: “Eu não consigo tirar da cabeça e por isso é um dos temas dos meus livros e também a consequência dela, o luto. Tenho esse problema com a morte e o escritor acaba escrevendo sobre a sua própria visão de mundo”, conta. 

A autora se inspira em muitas mulheres como Elvira Vigna, Dulce Maria Cardoso e a poeta Ana Martins Marques. A escrita feminina esteve em pauta, refletindo a forma de pensar o mundo por um viés acolhedor, construtor e ao mesmo tempo crítico. 

“Não procuro que as mulheres sempre sejam personagens principais, mas elas acabam vindo por conta dos temas. São mulheres porque os temas que trago passaram muitos séculos sem ser abordados, e ao mesmo tempo, é algo político”, reflete Mariana.

A troca da escritora com os leitores foi o ponto chave da noite. Ela recebeu muitas perguntas da plateia sobre sua criatividade com títulos, influências, inspiração para personagens, entre outros assuntos. A autora foi questionada sobre como dialoga a carreira de defensora pública com a de escritora.  

Eu vejo muita afinidade entre as duas áreas, no sentido de ambas necessitarem de criatividade e história. Na defensoria também é necessário humanizar os problemas da pessoa é algo que lembra a minha escrita. Eu não sei que escritora eu seria se não fosse defensora, isso mudou minha visão de mundo e me fez o ser humano que sou”, relatou. 

Entre diversos tópicos, incluindo aspectos de escrita e narrativa, Mariana e a mediadora discutiram sobre audiobooks. A paulista revelou que, para manter o fluxo de leitura, incorporou à sua rotina a prática de ouvir livros em áudio. 

“O audiobook foi uma maneira que consegui manter a leitura, principalmente por causa da questão do tempo. Consigo ouvir quando estou dirigindo ou fazendo alguma tarefa de casa e outras vezes nem é porque falta tempo para ler, a própria gravação vale a pena”, afirma a convidada do Livro Livre. 

A autora aproveitou para divulgar que gravou recentemente um audiobook, do livro “Não Fossem as Sílabas do Sábado”, que em breve estará disponível. 

 

Texto: Heloisa Helena Canabarro (Mtb: 21.562)

​​Jornalista responsável: Letícia Sarturi (MTB 16.365) – BAH! Comunicação Criativa – Assessoria 51 Feira do Livro de SM   

Fotos: Ronald Mendes