ABERTURA DA FEIRA HOMENAGEIA PATRONOS E RELEMBRA EDIÇÕES
A última semana de abril chegou com ares que espalham o cheiro do outono e dos livros no centro de Santa Maria. Quem passou pela Praça Saldanha Marinho nesta sexta-feira (28), pode se deparar com as clássicas bancas amarelas repletas de livros e das histórias trazidas por leitores e livreiros.
O amarelo esse ano teve um destaque especial, afinal, no ano em que se comemora a 50ª edição da Feira do Livro a intensidade da cor fulva representa toda a energia que é ter, em mais um ano, a estação dos livros no coração da cidade.
A abertura oficial da Feira, realizada ao final da tarde, lotou o Theatro Treze de Maio para anunciar: “Tem livro na praça!”. Cerca de 300 pessoas acompanharam a cerimônia que comemora as 50 edições de um dos maiores encontros literários da América Latina.
Enquanto o público, em meio aos reencontros e abraços, se acomodava nas poltronas do Theatro, o grupo musical Intermezzo, formado por Biga Somavilla (pianista) e Regina Guerra (tecladista), deu o toque musical ao principal evento cultural de Santa Maria. A dupla encerrou sua apresentação com a música Santa Maria, de Beto Pires, em ode à cidade cultura.
A cerimonialista e secretária adjunta da cultura, Fabrise Muller, iniciou a fala rememorando a história da Praça que se veste de livros há 50 anos. Diversas autoridades estiveram presentes na abertura que comemora as Bodas de Ouro da Feira. Entre elas, o prefeito Jorge Pozzobom, o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luciano Schuch, a vice-reitora da Universidade Franciscana (UFN), Solange Binotto Fagan, e a secretária de Estado adjunta da Cultura, Gabriella Meindrad, que destacou a valorização das políticas de cultura no Rio Grande do Sul.
“Para a nossa alegria, no nosso novo organograma da secretaria, em 2023, nós temos o departamento ‘Livro, leitura e literatura’. As políticas públicas são portas para que cada vez mais se consiga uma aproximação com as pessoas. Nós temos que aliar as tecnologias ao livro físico. Que nesses novos tempos, nós consigamos, através do livro, da educação e da cultura, fazer aquela transformação que tanto precisamos na sociedade”, concluiu a secretária.
A noite também exaltou a arte do chargista Elias Ramires Monteiro (patrono da Feira Infantil em 2017), responsável pelas ilustrações que integram o cartaz da festa literária. A peça traz uma homenagem a todos que trabalharam durante as 50 edições do evento.
“A Feira é tão longeva e os esforços de todos que fazemos a Feira deram certo que o figurino das primeiras feiras mostra um bastante diverso do que nós usamos hoje. Foi um prazer fazer a pesquisa do vestuário das épocas das diferentes feiras. Diferentes grupos trabalharam sempre pela Feira, mas eu os representei por estudantes, onde um hipotético estudante carrega a Feira literalmente nas costas”, explica Elias.
Patronos: uma homenagem aos que emprestaram seus nomes às edições
Neste ano, a Feira não tem um Patrono ou uma Patronesse, mas traz uma homenagem a todos que a representaram até o dia de hoje. O simbolismo desta escolha propiciou um momento único no palco do Theatro Treze de Maio onde cerca de 20 homenageados de edições anteriores puderam novamente receber os aplausos do público da Feira.
Para o escritor e Patrono da 29ª edição, Máximo Trevisan, 50 edições são reflexos da renovação com o compromisso cultural da cidade.
“O desafio de todas as iniciativas é a continuidade. A permanência é algo que supõe compromissos com objetivos. A Feira do Livro tem conseguido atrair e comprometer pessoas que a torna cada vez maior e mais qualificada. É uma alegria para todos os santa-marienses saber que isso acontece, sendo uma das maiores feira a céu aberto, em praça pública. Todo santa-mariense pode se orgulhar deste evento”, comemora o escritor.
Já para o advogado Antônio Cândido Azambuja Ribeiro, Patrono da Feira em 2010, o dia foi de alegria em nome do projeto que ele viu acontecer.
“É uma absoluta felicidade, alegria, paz de espírito e, de alguma forma, a sensação de realização pois, incrivelmente, eu vi esse processo nascer. Eu tive uma proximidade com os alunos da comunicação social em 1973, na Feira que deu origem ao formato atual. De lá pra cá com todas as dificuldades, com todos os percalços, a Feira conseguiu se consolidar. Hoje nós temos esse evento maravilhoso que é o maior evento cultural do município”, sinaliza o escritor.
Ser Patrono ou Patronesse da Feira é uma relação que advém dos livros e toma formas para além do papel. Para Amanda Scherer, professora homenageada na 40ª edição, é neste espaço que ela tem como templo que sua relação literária aflora.
“Eu sou eternamente uma professora. Posso até produzir artigos científicos e livros mas, antes de qualquer coisa, sou professora e leitora. A Feira do Livro é esse lugar, espaço e templo de paz, de leitura e alteridade. Feira do Livro e livro, pra mim, é alteridade! É maravilhoso esse empenho de um grupo de pessoas tentando trazer e dando continuidade de algo que é de muita gente”, conclui a professora.
E para o futuro, quais os alcances deseja quem já foi Patronesse da Feira do Livro Infantil em 2005? A Professora Maria Py Dutra dá a dica.
“Um desejo que eu tenho para os próximos anos de Feira é que este espaço seja ocupado por estudantes e pela comunidade negra. O pessoal tem que entender que esse espaço é nosso. É uma conquista. Este espaço é uma cura para a alma da gente”, deseja a escritora.
Fotos: Ronald Mendes
Texto: Nathália Arantes – acadêmica de jornalismo da UFN
Jornalista responsável: Letícia Sarturi (MTB 16.365) – BAH! Comunicação Criativa