segunda-feira, setembro 16, 2024
Feira do Livro 2024

Aristilda Rechia viverá para sempre em cada linha e verso que escreveu

Na tarde deste sábado (24), a cadeira de Aristilda Rechia estava vazia no Theatro Treze de Maio, mas a casa estava cheia e sua obra transbordava. Amigos, família, colegas, ex-alunos e admiradores do trabalho de Aristilda se reuniram para prestigiar a homenagem póstuma à escritora. 

“Tia Prenda”, como a família chamava, era poeta, cantora, declamadora e pesquisadora, ela dirigiu peças de teatro, atuou em um curta-metragem e encantou a todos. Aristilda  escreveu o hino oficial de Santa Maria e de cinco outros municípios gaúchos. A escritora faleceu em outubro do ano passado, mas deixou um legado. 

A homenagem foi mediada por sua sobrinha, Mariangela Recchia, que relembrou os grandes feitos da amante das letras e da cultura. Em seguida, um vídeo em sua memória foi exibido no telão. Mariangela destacou as características que Aristilda herdou da família. 

“Ela carregava a resiliência a determinação da mãe, Angela Dallasta, e a humanidade e intimidade com as palavras do pai, Júlio Rechia, que foi quem a ensinou a cantar seresta e discursar com eloquência”, contou a jornalista. 

A canção favorita da poeta era a música italiana “El Condor Pasa”. O maestro Enio Guerra e a Banda Municipal de Silveira Martins Newton Ceccil Guerino subiram ao palco e tocaram a canção com entusiasmo. O momento foi de emoção, enquanto a música tocava, foi possível ouvir alguns suspiros e ver lágrimas nos olhos do público. A banda também tocou outras três canções: Gira L’amore, Prima Uscita e o Hino de Silveira Martins, que foi escrito por Aristilda. 

O ator e diretor Helquer Paez levantou do meio da platéia e subiu ao palco. O ator era um grande amigo da poeta e teve a honra de atuar no palco com ela. “Ela era sempre muito elegante, assistia todos os meus espetáculos, desde o palhaço, até os textos mais elaborados de Shakespeare. Ela sempre estava presente e depois dava sua crítica”, contou o artista.

Para finalizar, o ator pegou uma gaita e tocou a última música que havia apresentado a Aristilda, durante a pandemia. Seguindo a homenagem de amigos,  João Marcos Adede y Castro subiu ao palco para lembrar que Aristilda é eterna. 

 “Essa querida amiga sempre vai estar no meu coração. Confesso que chorei, mas em algum momento compreendi que ela não morrerá, não só porque viverá para sempre em nossos corações, mas porque deixou nos livros sua sensibilidade, inteligente, humor, alegria e delicadeza. Cada vez que ouvirmos os hinos, lembraremos de sua imortalidade lírica e de sua grandeza como pesquisadora”, destaca Adede y Castro. 

A acadêmica Edinara Leão subiu ao palco para ler o testamento que a escritora deixou, ainda em vida, para a família. Em seguida, a  Presidente da Casa do Poeta de Santa Maria, Denise Reis, declamou o poema “Teimosia”, de autoria de Aristilda. Após, citou outro poema, escrito por Prado Veppo, que a fez lembrar da escritora. 

“Minha alma andara pelas ruas dessa cidade mais do que meu corpo, que inveja meu corpo terá de minha alma. Acho que Aristilda junto com Prado Veppo andam pelas ruas de Santa Maria”, finalizou Denise. 

Entre as obras que a escritora dedicou à cidade, deixou a maior declaração de amor a esta terra, o hino de Santa Maria. Para encerrar a homenagem,  a artista plástica Marília Chartune entregou aos filhos de Aristilda e ao irmão o quadro que ela pintou ilustrando o hino criado por Aristilda. 

 

Texto: Heloisa Helena Canabarro (Mtb: 21.562)

​​Jornalista responsável: Letícia Sarturi (MTB 16.365) – BAH! Comunicação Criativa

Foto: Ronald Mendes