NOITE DA PATRONESSE EXALTA AS MULHERES NA LITERATURA

Marcada pela representatividade feminina e pela hashtag #LeiaMulheres, a noite da Patronesse ocorreu neste sábado, 7 de maio, no Theatro Treze de Maio. O Livro Livre foi em homenagem a escritora e professora Nikelen Witter, a patronesse da 49ª edição da Feira do Livro de SM. Nikelen e a professora Monalisa Siqueira conversaram sobre a importância de ler, conhecer e dar visibilidade às escritoras mulheres, além de falar sobre os preconceitos com a escrita feminina e o espaço da mulher na literatura. Ambas participam do Clube de Leituras Bem-ditas que tem a intenção de fomentar a leitura de autoras mulheres.

O Clube de Leituras Bem-ditas foi formado em 2017 e, desde então, mais de 50 autoras foram lidas pelo grupo. Nikelen ressaltou a importância de dar espaço às mulheres e as trazer para o centro da cena, pois a perspectiva feminina na literatura é muito enriquecedora. Foi relatado o preconceito e o apagamento sofrido por mulheres escritoras, por causa da crítica e pré-julgamentos em cima da escrita feminina, a definição de que temas as mulheres podem falar e quais não podem. Pode-se, por exemplo, contar nos dedos quantas autoras femininas são lidas durante a escola como leitura obrigatória. “Não se trata de estar disputando espaço com os escritores homens, trata-se de quebrar estruturas que estão aí há muito tempo, estruturas que condicionam determinados lugares e espaços”, explica Nikelen.

A patronesse contou sobre sua trajetória como escritora e falou de seu livro “Viajantes do abismo”, lançado em 2019. É um livro de ficção que conta a história de um mundo à beira da destruição. Quando ela o escreveu estava angustiada e preocupada com a questão climática. “Minha intenção com viajantes era que essa angústia levasse as pessoas a pensarem o que estamos fazendo com o mundo e será que é isso que queremos deixar para as gerações futuras”, revela. “É a imagem do Perseu e da Medusa, se você olhar a Medusa de frente você petrifica, ela é o terror absoluto. Como é possível eliminar esse terror e medo? Perseu usa o escudo para refletir sob o medo e assim cortar a cabeça do medo (Medusa). Pra mim escrever é isso, eu crio espaços para lidar com as coisas que podem me
paralisar, foi isso que fiz em ‘Viajantes do abismo’”, argumenta, relacionando à questão climática.

As professoras também debateram sobre a importância de ler autoras e livros de diferentes locais do Brasil, como por exemplo, autoras das periferias. É necessário se abrir para esta experiência literária, é uma das tentativas do clube Bem-ditas, explorar autoras e locais distintos. O final da Noite da Patronesse foi marcado pelas perguntas da plateia e reflexões. Nikelen encerrou agradecendo a homenagem e a nomeação a patronesse da 49ª Feira do Livro de Santa Maria.

Assessoria de Imprensa: acadêmicos de Jornalismo da Universidade Franciscana

Texto elaborado pela acadêmica Heloisa Helena Canabarro
Professor responsável: Jornalista Bebeto Badke (MTb 5498)
Fotos: Ronald Mendes
Jornalista responsável: Letícia Sarturi (MTb 16.365) – Feira do Livro de Santa Maria