sábado, julho 27, 2024
Feira Do Livro 2019TODAS EDIÇÕES

ATENA : UMA VOZ DE LUTA E DEFESA DE CAUSAS JUSTAS

Muita gente afirma que eu não sou mulher de verdade. Adivinhe! Nunca houve na história da humanidade uma verdade sobre a mulher se não aquela que o homem decidiu quem ela é. Revolução feminina começa na existência, passa corpo, transpassa as vestes, perpassa a aparência.  Este trecho do poema escrito e recitado por Atena Beauvoir ao abriu o Livro Livre desta terça-feira, 30 de abril.

Atena Beauvoir é escritora, filósofa e educadora sexual. Atua em defesa dos direitos humanos de gays, bissexuais, lésbicas, transexuais e travestis. Ao compartilhar sua experiência e interagir com o público, ela proporcionou reflexões sobre a existência humana e a construção da própria identidade, deixando espaço para que a plateia descobrisse que existem à nossa volta novos mundos, os quais às vezes precisam ser vistos de outra perspectiva.

Muito aplaudida pelo público, Atena trouxe para discussão questões polêmicas. Suas palavras trazem um manifesto e um afeto a quem sofre alguma discriminação. Durante todo seu discurso a escritora quebrou paradigmas: “A sociedade humana vai precisar se acostumar, pois vão existir homens com vaginas e mulheres com pênis”.

Em alguns momentos a palestrante se emocionou ao relembrar vivências e  pensar no sofrimento de tantas outras pessoas. Também, foi descontraída e brincalhona para falar coisas que às vezes algumas pessoas não querem ouvir.

Para Hellen Bianchini, modelo, 33 anos, Atena grita para defender o papel das mulheres trans perante a sociedade. “Como ela diz , a diversidade sofreu tanto, então nós precisamos disso para gritar ao mundo que nós existimos mesmo! E estamos lutando para que as coisas e, para que dias melhores, virão!”, afirma Hellen.

A fala de Atena  aguça em vários sentidos. É possível sofrer e sentir dor apenas ouvindo o seu manifesto na poesia.  A psicóloga Fernanda Alves, 27, considera o assunto fundamental e necessário. “É um tema que é invisibilizado. Ela faz um trabalho muito bonito que é de luta, e também tenta construir uma nova forma da gente pensar”. Fernanda trabalha com  um grupo de gênero de Santa Maria: “Eu escuto o tempo inteiro as pessoas trazendo essa violência que é constante, isso é muito difícil pra elas. Esses espaços sempre me atraem, pois estão próximos da minha prática’’, complementa a psicóloga.

O trabalho da escritora tem um tom de denúncia, mas também traz esperança. Athena finaliza pedindo para que as pessoas repensem a própria existência: como você se vê, se você não tivesse esse corpo ou esse nome?

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Texto elaborado pelas acadêmicas de Jornalismo/UFN Lilian Streb e Gabriele Braga.

Foto: Eduardo Camponogara /LABFEM/UFN

Professor responsável: Jornalista Bebeto Badke (MTb 5498)