DUCA LEINDECKER ESTREIA NOITES DE LIVRO LIVRE DA 50ª FEIRA

A primeira noite de Livro Livre da 50ª Feira do Livro de Santa Maria foi dedicada a um bate-papo com o músico e escritor Duca Leindecker. Com três livros publicados, o ex-integrante da Cidadão Quem reuniu no Theatro Treze de Maio, amantes de suas palavras, sejam elas através de composições quanto da literatura.

Duca iniciou a conversa com o público relembrando as passagens por Santa Maria, comentando a relação com feiras literárias e, também, de sua presença em escolas que adotaram seus livros como forma de dialogar com os estudantes.

“Estou muito feliz de voltar para a Feira do Livro de Santa Maria, vir para Santa Maria é sempre uma alegria. Tenho aqui memórias muito importantes da minha carreira, tanto como músico quanto como escritor. Me sinto muito valorizado aqui em Santa Maria. Eu venho hoje para participar da Feira, a 50ª Feira do Livro. Isso é uma coisa muito importante, uma cidade que consegue manter 50 edições de uma feira do livro, é muito legal”, elogia o escritor.

No decorrer da interação com o público, Duca faz uma análise entre a popularidade e adesão da música versus a da literatura. Entre perguntas e conto de causos, o músico explica que as duas artes têm estilos a serem descobertos pelas pessoas de acordo com seus gostos. 

“Basicamente, a literatura, além de ser uma forma de terapia, onde as pessoas colocam para fora, através da escrita, seus sentimentos, ela também absorve coisas. Faz a gente enxergar coisas que não estávamos enxergando em nossas vidas, em nossas histórias”, aponta o músico.

Na sequência da fala do convidado, o público realizou perguntas sobre literatura e música. Uma delas se referia ao processo de percepção das obras que “não deram certo”, livros aos quais o escritor abandonou durante a caminhada literária.

 “Eu só descobri quando já tinha acabado ele. Eu escrevia até o fim, enlouquecidamente, em uma máquina de escrever nessa época. Eu adorava escrever, escrevia muito. Ficava aquele troço gigante e pensava: meu Deus, escrevi um livro! Aí começava a ler e não conseguia me achar na história”, revela Duca.

A indagação também provocou o artista a falar de seus processos criativos entre música e literatura durante o Livro Livre.

“A diferença de escrever livro e música é a seguinte, a música é super intuitiva, não existe música certa ou errada. Existem músicas feias e bonitas, para determinadas pessoas. Na literatura tu não pode ser unicamente afetivo, tu tem que percorrer caminhos racionais para escrever. Se não, tu acha que está falando uma coisa e não está, está falando outra. O que acontecia é que tinham muitos erros [nas escritas abandonadas]. Eu também era muito pretensioso, queria fazer histórias com muitos personagens, ficção demais. E então realmente, quando eu ia ler eu não entendia a história mais”, conclui o escritor.

Enquanto muitos autores diferenciam suas vivências de sua arte, Duca revela que há uma relação muito próxima entre elas. “As minhas memórias estão muito explícitas na minha literatura. Nas músicas elas estão mais codificadas, apesar de Pinhal ser muito explícito. Mas no livro são histórias mesmo da minha vida. Ali eu conto como foi um pouco esse caminho, da minha infância até aqui”, esclarece o compositor.

Após mais de uma hora de conversa, Duca deu uma palhinha aos presentes no Theatro. Ao melhor modo intimista, voz e violão, o artista cantou os maiores sucessos da carreira com a Cidadão Quem e atendeu alguns pedidos dos fãs que puderam se embalar ao som de Pinhal, Dia Especial e O Amanhã Colorido.

Fotos: Ronald Mendes

Texto: Nathália Arantes – acadêmica de jornalismo da UFN

Jornalista responsável: Letícia Sarturi (MTB 16.365) – BAH! Comunicação Criativa